domingo, 2 de junho de 2013

A Pombal que a gente viu


A Pombal que a gente viu
Corre, ruas quentes pés descalços,
Dentro de nós moleques, Quebra Queixo e Pirulito.

A Pombal que a gente viu desce rio a baixo
rua de baixo, ingazeiras debruçadas, beira do rio.

A Pombal que a gente viu são praças longas

Bar Centenário, sorveteria de Bernardo.
Eram pessoas, estória e histórias contadas,
Nas sombras das algarobas.e
Eram loucos acordados cedo da noite
Correndo pela Rua Padre Amâncio Leite.

Chico Leonídes e João Lindolfo vendendo leite.
Eram os foguetões de seu Inácio
Clareando a noite e as ironias de Pedro Corisco
Provocando risos.
- Peripécia de Cícero de Bembém, também...

A Pombal que a gente viu eram jerimuns

Maxixes e Quiabos
Nascidos monturo aberto, animal solto
Nas praças feito gente.
Era Melão-de-São-Caetano, buchas e cabacinhas
As margens da cerca do capinzal de Delmiro Inácio.

Casa de seu Joaquim, casa de dona Nóca,
De dona Porcina, Zé Martins, Natércio,
Dona Raimunda na renda,
Oiticica de Mila e o corredor estreito do rio.

“Négo” Cândido mascando fumo, Pão com creme na
bodega de Toinho.
Maria e Severino Pedro, mãe Lourdes, estudantes
Da Escola Normal, Ana no cavalinho de goma,
Rua do comércio.

Eram negros malungos nos Pontões, Reisados e Congos.
Cordão Encarnado, Cordão Azul e os filhos de Zé de Bú...

A Pombal que a gente viu são lembranças levadas

pela estrada de ferro à Rua do Guindaste,
Pereiro, Cruz da Menina e o Rói Couro.

A Pombal que a gente viu era casamento fugido

Namoro proibido, Jeep chegando,
Noivo dizendo sim,
Padre Gualberto casando.

Bar de Maria de Biró, Zuca fabricando móveis
Zuza realizando bingos, seu Lau fabricando lamparinas,
Bicho no cambista, crediário nas Lojas Paulistas.
Zé do Bigodão a Rua Estreita de saudades ilumina.

Corredor do rio, Xiquexique, Araçá, Areal.

A Pombal que a gente viu era lanterna ofuscante de Galdino,

Música boa, Lord amplicador, Cine Lux,
Clemildo, recado, convite enterro.

Ribinha na bicicleta por entre as panelas de Jubinha
malabarismos, bola de meia sirene anunciando onze e meia.
Bronze da Matriz, Riacho do Bode, pedra do sino.

Era Leó na objetiva, Sôlha sempre com
Um objetivo, lendo de tudo.

Era fogo, é salário pago com vida.
É discurso longo de professor Arlindo na procissão,
Eram promessas pagas, Rosário na mão.
Cachimbo Eterno, Cacete armado, Nova Vida, Os Daniel
No alto do Cruzeiro
Rua do comercio e as mulheres fuxicando nos terreiros.

Era Ticho partindo pra São Paulo,
Era Maloura no parto, Zé Cabeção e Bico Doce
Esperando que eu parta.
Agnelo era zagueiro, “Négo” Adelson Goleiro.
Noé e Zezinho eram sapateiros e Bihino cachaceiro.

A Pombal que a gente viu são lembranças

Gostosas presentes nas sombras das oiticicas,
Arrubacão e cachaça na beira do rio, tapioca de Xica Pavi.
Cadeia antiga: prisão de sonhos e velhas lembranças.
Coluna da Hora não deixa o tempo ir.

Banca de Revista do ‘Escurinho”, álbum bom de colecionar.
Igreja do Rosário, jogo de bola de meia ou cabeça de calunga.
Era o Avelozsão, era o São Cristóvão entrando em campo,
São os que já saíram de campo...

Era a usina beneficiando algodão
Era a Oiticica beneficiando a cidade.
O apito da fábrica e a fumaça escura da chaminé
Irritando nossa inocência.

Era a SEDE e o Pombal Ideal Clube.
A Pombal que a gente viu era filme reprisado.
Era recado enviado à namorada
Pelas difusoras do Parque Maia.

Era camisa boluon e voltomundo, Lojas Paulistas.
Anita nas orelhas, Professor Guimarães na palmatória.
Eram todos, a sua maneira, fazendo história.
Era Godôr , Pedro Jáques e Zé Capitula.

Dobrados rompendo as madrugadas,
Zé Vicente na Tuba, Eliseu, maestria de mestre, batuta sem igual.
Reizinho vendendo cal, barraca de Zé de Lau.
Barbearia de Nouvino, João Terto e Antônio
Guerra e todos que contemplaram a cidade que
Nasce por entre as serras.

Esse tal de lembrança que vem, teclas abertas que sangram
Imagens vividas, que machucam na volta, que ferem feito espinho pontiagudo no peito,
e reprisa em nossas mentes os acontecimentos.
Trazendo de volta às ruas de Pombal o nosso irmão que partiu.

É coisa de mais valor que se tem!
É maior das invenções, luz que brilha de mais.
E ao mesmo tempo é sol a se apagar na eternidade
Escondendo de nós a velha cidade.

*Poeta e Escritor pombalense

sexta-feira, 31 de maio de 2013

No dia 15 de julho de 2013 completam 184 anos criação da agência do Correio Público de Pombal-PB, regulamentada através da Diretoria Geral dos Correios do Império ele foi criado no dia 15 de julho de 1829. O atual prédio dos Correios teve sua construção iniciada no ano de 1932, na época era governador o Senador Ruy Carneiro Vieira , filho de Pombal

Celebração de Corpus Chriti






Fotos:
Solange Sousa Soares

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Rio Piancó, mais conhecido como "Rio da Ponte das Populares"

Foto: Lucas Lucena

O Crime da Rua da Cruz - Jury de Maria da Conceição

Verneck Abrantes
Verneck Abrantes*
O novo livro de Jerdivan Nóbrega remonta uma Pombal de 1883. A imaginar seus moradores a viver em uma cidade iluminada  a bicos de lamparinas e lampiões, com cadeiras nas calçadas, silenciosa e tranquila. De poucos recursos, água de cacimbas transportadas na cabeça de mulheres ou lombos de jumentos, parte das casas com portas fechadas nos dias da semana para só abrir nos finais de semanas, quando ocorriam os dias das feiras de ruas, missas, casamentos, batizados, ou
 novenário
A cidade em sua rotina imutável estava mais voltada para a zona rural. Na sua conformação urbanística, as ruas definidas: Rua do Comercio, Rua do Rio, Rua do Giro... Outras em formação. Eram próximo de 200 casas em seu perímetro urbano. Um pouco distante, a Rua de Baixo, mais distante ainda, a antiga Rua da Cruz. Denominação essa que se perdeu no tempo a sua razão de ser. Talvez, em um local ermo, a fixação de uma cruz perdida em seu espaço por um crime de morte, porque era assim o marco que se fazia na época.
A Rua da Cruz, não era propriamente uma rua, mas, um conjunto de casas espaçadas, nem sempre conjugadas, geralmente de taipa, sem nenhum conforto, simples, igualmente como as pessoas que ali viviam.  Analfabetos, de poucos recursos financeiros, disponíveis para eventuais trabalhos rurais ou domésticos. A Rua ficava, aproximadamente, um quilometro do centro da cidade, aonde se chegava por caminhos de terra batida, passando em meio à vegetação rala e árvores nativas de médio e grande porte, espaçadas.
Nas chuvas de inverno, muitos moradores aproveitavam os espaços disponíveis para plantar milho e feijão, como culturas de subsistência. Local bucólico, no entardecer, caia o silencio junto com a escuridão da noite.
Foi na síntese desse espaço que Jerdivan resgatou e traz a luz dos dias de hoje, a história fantástica de Maria da Conceição. Ela com 26 anos de idade, analfabeta, humilde, mãe solteira, moradora da Rua da Cruz, julgada, condenada por um crime de infanticídio, presa na velha Cadeia de Pombal e destino final incerto.  Um dos processos mais curiosos da criminalidade pombalense, por envolver aproximadamente 125 pessoas, entre tantas, aquelas que compunham a classe social mais alta da cidade.
Também, o livro é um achado histórico para quem tem interesse em genealogia ou ramificações dos seus antepassados. Em parte, aqui são evidenciados nomes e sobrenomes dos nossos ascendentes familiares, em citações a partir de 1883, em meio o inquérito policial em seu julgamento com ritos, quesito, requisitos, interrogatórios, despachos, testemunhas, conselho de sentença etc.
Jerdivan Nóbrega, como  advogado, deixa um legado importante na sua área de direito, como escritor, enriquece ainda mais a historiografia pombalense.
Nós só temos que agradecer a grandeza do seu trabalho.
*Escritor e Pesquisador pombalense.

Pombal agora tem Corpos de Bombeiros

Do Facebook de Jose Tavares De Araujo Neto Pombal já pode construir arranha-céus!
Foto: Júnior Telmo
Pombal - PB
Clique e visite o blog: Pombal, Terra de Maringá

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Falem-me de Pombal!


Falem-me de Pombal! 
Digam-me das suas ruas antigas, da feira nos sábados com os cordelistas do Pavão Misterioso e Lampião no inferno.
Falem-me do banho no rio, do violão de Bideca, da cachaça gostosa, do futebol nos bancos de areia. Da bolacha peteca na padaria de seu Napoleão.
Digam que a rua é estreita, porém, mais estreita é a saudade que aperta o meu coração.
As sombras das ingazeiras, o arrubacão.
Falem-me das suas ladeiras, dos seus loucos, filósofos de boas lições, dos sãos a procura do sossego nas som- bras das alga- robas.
Falem-me do Bar Morcego.
Dos desocupados nas imediações do Mercado Público. Ainda põem ali o cartaz do Cine Lux ?
Assistam um jogo do São Cristóvão por mim.
Digam à Cícero de Bembém que 
aposto no Pombal Esporte Clube cada vintém.
Roubem goiaba e manga na roça de Mila. Deixem rolar os dados de Zé Paletó.
Acompanhem por mim a procissão que serpenteia pelo chão nos dando a opor- tunidade de um perdão.
Os fiéis ainda ajoelham aos pés de Nossa Senhora do Rosário, pedindo a 
benção a nossa mãe negra?
Beijem por mim as contas do seu rosário e digam que é por estas contas que suporto o meu calvário e nelas eu conto e não perco a conta dos dias que faltam para a gente se encontrar.
Aplaudam a Rainha da Irmandade...
Digam para sua ma- jestade que seu súdito não pôde vir, mas continua  fiel,
 defendendo a sua coroa e manto branco azul cor de céu.
Untem minha ca- beça na água benta da pia batismal da Matriz.
Digam aos Pontões que eu aprendi a- queles passos, digam aos Congos que re- sistam por nós.
Digam ao Reisado que ofereço minha casa neste outubro, dêem a honra desse humilde súdito receber na sua cabana tão majestosa presença palaciana.
Vá ao cemitério e digam aos amigos que lembro-me sempre deles.
Colham por mim, estrelas na boca da noite, digam que é para amenizar a minha solidão.
Mandem-me uns postais com vista parcial do avelozsão, num dia de decisão.
Quero assistir uma peleja da janela da Escola Normal na arbitragem de Ribinha.
O povão na geral, os moleques nos galhos dos avelóz, a disputa nas quatro linhas.
Os homens de chapéu as mulheres de sombrinhas e o tempo passando por nós.
O grupo João da Mata. O bloco de sujos batendo lata pelas ruas de Pombal.
Digam que escuto apitos do trem "Asa Branca" numa estação onde passageiros apressados não se conhecem mais.
Alguém fale-me de Pombal.
JERDIVAN NOBREGA